Osteoporose, um mal silencioso

A cada três segundos uma fratura por osteoporose ocorre no mundo

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Em primeiro lugar, uma boa notícia: a expectativa de vida dos brasileiros aumentou. Segundo o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos últimos 50 anos, a longevidade saltou de 48 anos para 73,4 anos. É muito provável que, em 2050, esse número chegue a 80. A idade avançada, porém, implica cuidado extra com a saúde. A prevenção da osteoporose, doença típica da terceira idade, é uma medida natural nesse sentido. Dados do Ministério da Saúde mostram que 10 milhões de pessoas já têm essa doença e que um milhão sofre fraturas osteoporóticas anualmente.

O relatório Latin America Audit, da Fundação Internacional de Osteoporose (IOF, na sigla em inglês), levantou que, em 2010, ocorreram 121.700 fraturas de quadril decorrentes de osteoporose. Estima-se que em dez anos essa quantidade aumente para 140 mil e em 2050, para 160 mil. Vale lembrar que, em 97% dos casos, a fratura de quadril é cirurgicamente tratada. Há também a probabilidade de ela deixar sequelas, e alguns pacientes podem ter sua mobilidade e até mesmo sua independência física comprometida. O custo do tratamento para esse caso também varia de aproximadamente R$ 8 mil a R$ 24 mil (o último valor se refere a hospitais particulares).

A osteoporose é caracterizada pela perda de densidade óssea, causando fragilidade e, consequentemente, aumentando o risco de fraturas. Ela atinge principalmente mulheres com 50 anos ou mais, que já passaram pela menopausa. Dados atuais revelam que 30% dessas mulheres estão com osteoporose. Engana- se quem pensa que essa doença é restrita ao sexo feminino. Homens também estão sujeitos a ela, porque a descalcificação óssea é decorrente do envelhecimento. No entanto, as mulheres, durante a menopausa, perdem aproximadamente duas vezes mais densidade óssea do que os homens, fazendo com que desenvolvam osteoporose antes deles.

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Acima, imagens de um osso normal (esquerda) e de outro com osteoporose. A doença atinge sobretudo mulheres, mas os homens também podem desenvolvê-la.

A osteoporose é uma epidemia silenciosa. Atinge cada vez mais pessoas e, por ser praticamente assintomática, é com frequência descoberta depois que o paciente já se machucou. “As fraturas mais comuns são as vertebrais, que são microscópicas e ocorrem sem que a pessoa perceba o que aconteceu. Há as fraturas vertebrais dolorosas, mas são minoria”, explica Bruno Muzzi Camargos, presidente da Sociedade Brasileira de Densitometria Clínica (SBDENS). “Se as fraturas são silenciosas, imagine a perda óssea que as antecede.”

Tratar desde a infância

No Brasil, com o objetivo de diminuir as fraturas de fêmur e a osteoporose, o governo faz campanhas de prevenção. Na de 2011, o tema “Prevenção da osteoporose: da criança à pessoa idosa” visava estimular o consumo de cálcio e atividade física desde a infância. No entanto, segundo o levantamento do IOF, das 1.850 máquinas de densitometria óssea – aparelho necessário para se fazer o diagnóstico precoce da osteoporose – existentes no país, apenas 3% delas estão no serviço público. Para se fazer um exame de densitometria por aqui, é preciso esperar um dia em planos de saúde privados e aproximadamente seis meses por meio do sistema público. “O diagnóstico precoce da osteoporose parece não ser uma prioridade para o governo”, critica Camargos. “A população leva a doença a sério, porque muitos já tiveram ou têm parentes que, em idade avançada, apresentaram piora na qualidade de vida ou deterioração do nível de independência de terceiros para realizar tarefas do dia a dia após uma fratura osteoporótica.”

Alimentação rica em cálcio

Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 10 milhões de brasileiros sofrem de osteoporose. Esse número só tende a aumentar, pois a população tem vivido mais. Um modo de amenizar e se prevenir é ingerir alimentos ricos em cálcio. Recomenda-se que adultos consumam 1.200 mg de cálcio por dia; mulheres após a menopausa, 1.500 mg.

ALIMENTOS

QUANTIDADE

CÁLCIO (MG)

Leite integral não suplementado

1 copo – 200 ml

228

Leite desnatado não suplementado

1 copo – 200 ml

246

Leite de soja

1 copo – 200 ml

80

Leite de cabra

1 copo – 200 ml

380

Queijo minas fresco

1 fatia – 30 g

205

Queijo prato

1 fatia fina – 15 g

126

Queijo parmesão

1 colher de sobremesa – 10 mg

114

Requeijão

1 porção – 20 g

113

Iogurte

1 pote – 200 ml

240

Espinafre

2 colheres de sopa – 60 g

47

Couve-manteiga

3 colheres de sopa – 36 g

73

Escarola

3 colheres de sopa – 36 g

29

Agrião

1 prato de sobremesa – 20 g

24

Brócolis

3 colheres de sopa – 36 g

37

Sardinha

1 porção – 30 g

86

Ostras

1 porção – 240 g

235

Fonte: Ministério da Saúde, campanha de 2011 “Prevenção da osteoporose: da criança à pessoa idosa”.

A DEFICIÊNCIA DE VITAMINA D, QUE FAVORECE A ABSORÇÃO DO CÁLCIO NO ORGANISMO, É MAIOR NO BRASIL DO QUE NA ESCANDINÁVIA E NO CANADÁ

Outro dado levantado pelo relatório é a insuficiência de vitamina D na população brasileira. Essa vitamina favorece a absorção de cálcio no organismo e pode ser obtida por meio dos raios ultravioleta B presentes na luz solar e da alimentação.

Um estudo feito em 2009 apontou que no Brasil não há muitos alimentos fortificados em cálcio e vitamina D. Cerca de 60% dos adolescentes que participaram da pesquisa apresentavam insuficiência dessa vitamina. Outro estudo presente no documento do IOF mostrou que 42% das 151 mulheres que já passaram da menopausa tinham baixo nível de vitamina D no corpo. Um levantamento feito em 2006 concluiu que a deficiência dessa vitamina no Brasil é superior à apresentada em países escandinavos e no Canadá, locais em que há menos exposição ao sol. Essa pesquisa mostrou que a abundância de luz solar não previne a deficiência de vitamina D em mulheres pós-menopausa.

“Uma das dificuldades é tratar a osteoporose antes de o paciente atingir um grau acentuado de fragilidade. Além disso, a adesão ao tratamento, que dura de três a cinco anos, é fundamental”, analisa Camargos. Depois de certa idade, o número de medicações a serem tomadas aumenta. Às vezes, o paciente acaba esquecendo ou mesmo interrompendo o tratamento.

O chip criado pela empresa de Robert Farra é uma garantia de que o paciente vai tomar o remédio na dose e hora certas

Medicamento via chip

Um experimento realizado na Dinamarca com sete mulheres na pós-menopausa, de 65 a 70 anos e com osteoporose, monitorou a ação de um chip implantado nas pacientes e pré-programado para liberar doses de medicamento. Durante o ano de observação, foi constatado que o método funciona corretamente e não prejudica a qualidade de vida das pacientes. No chip, foram colocadas doses de um medicamento com paratormônio, utilizado para tratamento de osteoporose. Pessoas que se encontram em um estágio mais avançado de osteoporose podem ter de tomar injeções diárias dele para o tratamento.

“Infelizmente, 75% dos pacientes que começam a tomar as injeções param antes que o tratamento esteja completo”, enfatiza Robert Farra, chefe da MicroChips (empresa que faz o chip) e coautor da pesquisa. A causa da desistência varia do inconveniente da injeção ao esquecimento. Além disso, a osteoporose é silenciosa. Quem a tem não consegue perceber a diminuição da densidade óssea. Desse modo, os pacientes acabam parando de tomar a medicação, muitas vezes por pensar que já melhoraram.

O chip tem o tamanho de um marcapasso e é implantado logo abaixo da linha da cintura. O procedimento para implante é simples e pode ser feito no consultório médico, com uma anestesia local. As tecnologias que compõem o chip estão voltadas a duas capacidades: a de selar hermeticamente a droga, de modo que fique totalmente isolada do corpo até o momento de ser liberada, e a de o sistema poder ser comandado a distância. A vantagem desse controle remoto é que “se o médico mudar a dose da medicação, o paciente continuará a recebê-la automaticamente, sem ter de fazer nada”, exemplifica Farra. Com o chip, é praticamente certo que a pessoa receberá o remédio na dose e hora certas, sem correr o risco de esquecimento. Assim, é mais garantido que cumpra a terapia e melhore da osteoporose.

FIQUE ATENTO À OSTEOPOROSE

Pacientes em potencial – Mulheres que já passaram pela menopausa, pessoas com mais de 65 anos, pessoas com antecedentes familiares e pacientes de algumas doenças, como a renal hepática, endócrina, hematológicas ou que usem alguns tipos de medicamento. Sintomas – A osteoporose quase não tem sintomas. Mas é bom ficar atento à perda de estatura e à dor nas costas que, aparentemente, não tem motivo.

O chip é compatível com ultrassom e raio X. No entanto, ele pode ser flagrado por detectores de metal, assim como outros dispositivos implantáveis. Os cientistas estão trabalhando em uma versão que também seja compatível com aparelhos de ressonância magnética. A redução do tamanho do dispositivo já está nas metas de evolução do próximo chip. No momento, os pesquisadores têm projetado um capaz de comportar 400 doses de medicamento – o utilizado no experimento comporta 20 – que dure 400 dias. “Também estamos trabalhando em opções com 400 reservatórios que durem 400 semanas. Depois que as doses acabarem, o dispositivo deve ser removido”, conta Farra. “Hoje, no mercado, não há um produto implantado que libere uma dose precisa de medicamento automaticamente, sem que o paciente tenha de fazer algo. Além disso, o chip permite a medicação remota.”

Existem diversos tratamentos para a osteoporose, mas o importante é identificá-la antes de uma fratura ocorrer. É importante estar atento à idade, à menopausa (no caso das mulheres), à hereditariedade e a algumas doenças e medicamentos que podem causar a perda da densidade óssea. Hábitos de vida saudáveis desde a infância são fundamentais para prevenir ou diminuir a ação da doença. Dieta rica em cálcio, exercício físico e sol nos horários indicados são peças-chave.

Fonte: Revista Planeta, ed. 479, ago 2012.

Funcionário saudável = desconto no IR

Projeto de lei inédito, ainda em discussão no Congresso Nacional, promete beneficiar empresas com abatimento em Imposto de Renda para organizações que mantiverem programas de qualidade de vida em sua estrutura

Melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e, em contrapartida, obter maior produtividade, melhorando os índices de desempenho. Foi exatamente este o pensamento do deputado João Arruda (PMDB-PR) ao desenvolver o Projeto de Lei 2136/11 que concede abatimento no Imposto de Renda (IR) para empresas que mantiverem uma estrutura fixa e funcional para a realização de práticas esportivas e de qualidade de vida em seus ambientes por meio da atuação de profissionais de educação física e/ou nutrição em seu quadro laboral.

Ainda em análise na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, da Câmara dos Deputados, aguardando parecer do relator, o deputado Fernando Giacobo (PR-PR), a proposta proporcionará às organizações que aderirem o abatimento de 1% sobre o valor total a ser recolhido ao IR, no caso de companhias de médio e grande porte; e 3% sobre o valor total a ser recolhido por micro e pequenas empresas.

Em uma visita à empresa BS Colway, empresa do segmento de pneumáticos, na região metropolitana de Curitiba, Arruda verificou grandes mudanças após a inclusão de um programa interno de saúde. “O presidente da companhia reduziu a carga horária dos funcionários em uma hora para a execução de atividades físicas durante o expediente. Tal medida, após dois meses, resultou num aumento de 25% da produção e significante redução de faltas e problemas de saúde”, argumenta o parlamentar paranaense.

Após a visita, Arruda não teve dúvidas. Este era o modelo ideal para as empresas brasileiras. “A implementação do projeto beneficiará ambas as partes. Um trabalhador mais disposto e saudável e empresas com menor indice de afastamento por problemas como Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT)”, complementa.

Para o deputado, o desconto no IR não causará prejuízos aos cofres públicos, à medida que os custos com saúde, afastamento e pensões serão reduzidos. “Haverá significativa diminuição nos problemas causados pelo esforço repetitivo e muitos outros agravamentos que, atualmente, preenchem filas enormes do Sistema Único de Saúde (SUS) e do INSS”, afirma.

Agora, o maior desafio é mostrar para o governo federal que tal projeto não será uma renúncia à receita e não trará perdas à União. “Eles deixarão, sim, de receber dos empresários. Em contrapartida, devem entender que este incentivo à prática esportiva e à alimentação balanceada proporcionará, em longo prazo, significativa redução nos gastos com saúde”, ressalta o presidente do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF), Jorge Steinhilber.

Difundida e Incentivada

“Pessoas felizes produzem mais”. Isso é o que acredita o consultor de Gestão Empresarial, Jorge Gonçalves, ao estudar esse novo plano. “Atividade física e alimentação adequada e balanceada são uma forma das pessoas se sentirem assim, bem consigo mesmas e mais saudáveis. Este tipo de cultura dentro das empresas é um ótimo negócio”, observa.

Jorge acredita ainda que, para o mercado Fitness como um todo, abre-se possibilidade de novos nichos de trabalho. “Os profissionais poderão atuar em outras frentes, melhorando a vida das pessoas. Isto será um diferencial”, conclui.

No caso do profissional de Nutrição, a refeição balanceada no refeitório passará a não ser a única prioridade. “O nutricionista deverá orientar os funcionários de como realizar as refeições em casa de forma correta também”, explica Arruda. O aluno que proceder conforme o cronograma, receberá do profissional um atestado de que cumpriu as metas conforme indicado.

Regras claras

O abatimento no IR só valerá para empresas que mantiverem em seus quadros de funcionários educadores físicos e/ou nutricionistas. Esse desconto será concedido mediante declaração do profissional comprovando que, pelo menos, 50% dos colaboradores gozam desse benefício.

É importante ressaltar que os descontos são diferentes. “Para a contratação de um profissional de educação física será um abatimento e para o nutricionista, outro. Ou seja, eles são somados caso a companhia opte por manter os dois benefícios”, explica Arruda, que complementa: “Muitos empresários devem estar se perguntando se será preciso abrigar uma academia dentro da estrutura de sua organização. A resposta é não. Como o custo da instalação é alto e algumas empresas não têm orçamento previsto para isso, os empresários podem optar em manter parcerias com academias próximas à sede ou à região para a execução de atividades dessa natureza, angariando os benefícios”, finaliza.

Fonte: Fitness Business, mar/abr/2012, nº 58, p. 54-56.