Obesidade pode ser risco à economia no México, EUA e Rússia

Estudo da Maplecroft indica que a epidemia da doença tem impacto crescente na produtividade dos trabalhadores

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São Paulo – O impacto negativo da obesidade na produtividade dos trabalhadores está chegando aos mercados emergentes, segundo estudo da Consultoria Maplecroft. Entre os países classificados como de “extremo risco” estão o México, o primeiro colocado, seguido pelos Estados Unidos, Rússia, Egito e África do Sul. O Brasil aparece na 7ª posição do ranking, atrás da Turquia.

O estudo indica que a epidemia de obesidade tem um impacto crescente na produtividade dos trabalhadores, além de sobrecarregar os governos com os gastos de saúde pública em decorrência da obesidade. Em 2011, o Fórum Econômico Mundial estimou que o custo econômico global de doenças não transmissíveis, muitas das quais associadas à obesidade, vai alcançar 47 trilhões de dólares em 2030.

Segundo a consultoria, com o desenvolvimento de muitos países, a população passa a adotar cada vez mais um estilo de vida que as coloca em risco de obesidade e doenças relacionadas. No México, o líder do ranking, entre 2000 e 2012, a combinação de sobrepeso e obesidade entre adultos cresceu 12,5%. A população com sobrepeso e obesidade hoje corresponde a 71,3% do total.

China (28º) e Índia (46º), dois dos mais importantes países em crescimento estão entre os de “elevado risco” e “risco médio”, respectivamente. A presença da obesidade é relativamente baixa, mas esses países tem registro de uma população obesa em crescimento. O estudo cita uma estimativa da Organização Mundial de Saúde de que, entre 2005 e 2015, as condições de saúde associadas à obesidade podem reduzir a receita nacional na China em mais de 500 bilhões de dólares e, na Índia, em 200 bilhões de dólares se os governos não fizerem nenhuma intervenção.

E nas economias ocidentais o cenário também é preocupante, segundo o estudo. Pesquisas indicam que, nos Estados Unidos, trabalhadores com sobrepeso ou obesidade que tem pelo menos uma condição crônica custam para a economia 153 bilhões de dólares por ano em perda de produtividade em decorrência de faltas.

O índice de risco de obesidade elaborado pela Consultoria calcula o risco corrente e emergente para os negócios de 188 países. O índice considera o número total de pessoas com sobrepeso e obesidade no país e sua proporção na população. O índice incorpora também fatores de risco emergentes, incluindo uma avaliação da urbanização, crescimento da renda e a mudança nas populações. Para a Maplecroft, cada vez mais os trabalhadores são afetados pelo aumento dos níveis de obesidade e pela perda de produtividade, em decorrência de faltas no trabalho por causa de problemas relacionados à saúde.

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Fonte: Portal Exame, 20/05/2013

 

Como comer menos em geral … comendo mais proteína

eating-proteinOutra razão para comer proteína no café da manhã. A proteína ajuda a te manter cheio e satisfeito até o almoço – e um novo estudo sugere que pode até mesmo ajudar a conter lanches à noite.

Se você se mantém atualizado com os mais recentes conselhos dietéticos, provavelmente você pode listar algumas razões pelas quais a proteína é um nutriente tão importante. É necessário, é claro, para ajudar a construir e manter sua massa muscular, e também é conhecido por ser muito melhor saciador do qualquer gordura ou carboidrato – é por isso que sugerimos que as pessoas pretendam ter uma boa fonte de proteína em cada refeição ou lanche. A ideia é simplesmente esta: refeições com alto teor de carboidrato não saciam, enquanto refeições com maior quantidade de proteína podem ajudar a controlar a fome de uma refeição até a próxima. Mas aqui vem outra coisa … um estudo recente realizado por Heather Leidy sugere um café da manhã com alto teor de proteína não só ajuda a controlar o apetite até a próxima refeição, como também pode reduzir lanches não saudáveis ​​à noite.

Reconhecendo que os adolescentes são notórios puladores de café da manhã – e que pular o café da manhã está associada ao ganho de peso -, pesquisadores da Universidade de Missouri, estudaram os efeitos de diferentes refeições no café da manhã em 20 meninas adolescentes com excesso de peso (que normalmente tomam o café da manhã não mais do que duas vezes por semana).

As meninas foram convidadas a fazer o seguinte – sem uma sequência específica. Uma semana, elas pularam o café da manhã todos os dias, uma semana elas tiveram um café da manhã com alto teor de proteína todos os dias (35 gramas de proteína), e uma semana elas tiveram um café da manhã com baixo teor de proteína todos os dias (13 gramas de proteína). O que os pesquisadores queriam saber era como as diferentes refeições (ou nenhuma refeição) afetaram o seu apetite, os níveis de fome entre as refeições, os desejos de comida e lanches à noite.

Para medir todas essas coisas, as meninas responderam a questionários sobre o seu nível de fome e satisfação durante o dia, e elas fizeram exames cerebrais pouco antes do jantar. Os exames permitiram aos pesquisadores ver como certas áreas do cérebro – em particular, aquelas que estão relacionadas com os desejos por comida – responderam quando as meninas foram mostradas imagens de alimentos atraentes. Em seguida, as meninas foram para casa com um cooler cheio de guloseimas – uma enorme variedade de salgados, doces, sorvetes, frutas, pizza, macarrão e queijo – e disseram que elas podiam comer o quanto quisessem durante a noite.

Quando tudo foi dito e feito, o café da manhã com alto teor de proteína teve várias vantagens em relação ao de baixa proteína (e, certamente, sobre qualquer outro tipo de café da manhã). Por um lado, as meninas disseram que o café da manhã com alto teor de proteína foi mais saciador – nenhuma surpresa nisso. Mas, durante a semana, elas tomaram o café da manhã com alto teor de proteína, sua atividade cerebral foi diferente, também – havia menos “atividade” nas áreas do cérebro responsáveis ​​pela compulsão alimentar – e as meninas comeram menos comidas ricas em gordura e açúcar após o jantar.

Esta é uma reviravolta interessante sobre a história da proteína – sugerindo que um café da manhã com alto teor de proteína não só ajuda a te manter saciado até o almoço, mas pode até mesmo ajudar a reduzir o seu consumo ao longo do dia. Consumindo 35 gramas de proteína em um momento – como elas fizeram no estudo – pode ser desafiador, mas você pode chegar perto – 25 gramas seria um bom começo.

Quer aumentar sua proteína no café da manhã?

Aqui estão algumas refeições para experimentar – tudo aquilo que lhe dará cerca de 25 gramas de proteína.

  • Um shake de proteína com leite desnatado. Uma porção de leite fornece cerca de 10 gramas de proteína, e você pode ajustar o pó de proteína em seu shake para aumentar a proteína
  • Uma porção de queijo cottage desnatado simples, com frutas e um punhado de amêndoas
  • Uma omelete feita com 2 ovos inteiros ou 4 ovos brancos, cheios de legumes e um grama de queijo mussarela com baixo teor de gordura
  • Cozinhe aveia no leite desnatado, cubra em seguida, misture a proteína em pó depois que ele é cozido. Cubra com um pouco de manteiga de amêndoa
  • Espalhe um pouco de creme de queijo sem gordura sobre todo o cereal cozido e cubra com 85 gramas de salmão defumado

Claro, este é apenas um estudo recente, e as suas conclusões ainda não são o estado da ciência sobre o tema, mas há um bom suporte na literatura científica para a proposição geral de que a ingestão de proteína sob as circunstâncias corretas produz sensações de saciedade.

Fonte: Discover Good Nutrition, 25/04/2013

Pai gordo, filho obeso… e neto acima do peso

Por que a obesidade passa de geração em geração (e não é só genética!)

780_obesidade1 “Eles concordavam que comida era feita de amor e era o que fazia o amor. Nunca poderiam abrir mão de um pedaço de qualquer coisa que desejassem. E se Edie, a filha inteligente e amada, era grande demais para sua idade, isso não importava. Como poderiam não alimentá-la?”

Edie tinha 5 anos e 28 quilos quando seus pais enfrentaram o dilema: como negar comida a um filho gordinho? Os pais não estariam mais por perto quando Edie, aos 60 anos e 140 quilos, abreviaria sua história numa gulosa apoteose diante da geladeira escancarada. A advogada aposentada que, desde cedo, aprendeu a buscar conforto emocional na comida é a personagem central do romance The Middlesteins, da escritora Jami Attenberg, recém-lançado nos Estados Unidos e ainda sem editora no Brasil. Os Middlesteins são uma família judia de classe média que vive em Chicago, mas o desconforto é universal. “Muitas pessoas que conheço, inclusive eu mesma, têm uma relação estranha com a comida. Podemos comer demais ou muito pouco”, disse Jami a ÉPOCA. “O pior é que somos obrigados a encarar isso diariamente, três vezes ao dia. É uma questão que permeia toda a nossa vida.” Aos 43 anos, ela hoje tem peso normal, mas foi gordinha até a adolescência.

Se o livro fosse ambientado no Brasil, a história seria igualmente verossímil. Quase metade da população brasileira (48%) pesa mais do que deveria. Entre os homens, os gordos são maioria (52%). O histórico médico das crianças (33% têm sobrepeso e 14% são obesas) já é comparável ao dos avós: colesterol alto, diabetes, desgaste nas articulações.

A obesidade – principalmente a infantil – tornou-se o maior desafio de saúde pública do Brasil. O SUS gasta R$ 488 milhões por ano para tratar a doença e 26 males decorrentes dela, como câncer, males cardiovasculares e diabetes.

Em grande parte das famílias, as guloseimas e o fast-food, consumidos esporadicamente no fim dos anos 1980, substituíram o almoço e o jantar. Um registro detalhado da nova mesa brasileira aparece no documentário Muito além do peso, da diretora Estela Renner. Nas pequenas e nas grandes cidades, crianças de todas as classes sociais não sabem diferenciar um pimentão de um rabanete. Ou um abacate de uma manga. Deter a epidemia é responsabilidade de todos (escola, governos, indústria). E um fato não pode ser desprezado: a obesidade é construída dentro de casa.

A maioria das pessoas engorda pela simples combinação de sedentarismo e erros alimentares. Se o corpo recebe mais energia do que consegue gastar, ela será estocada na forma de gordura. Graças a esse mecanismo, a espécie humana conseguiu sobreviver no tempo em que habitava cavernas, mal conseguia se proteger do frio e a comida era escassa. O que era uma vantagem na dura Pré-História tornou-se um problema no conforto do século XXI. Embora seja a mais frequente, essa não é a única causa de obesidade.

Em menos de 10% dos casos, o ganho de peso pode ser creditado a causas orgânicas, como distúrbios hormonais ou tumores. Sozinha, a genética justifica cerca de outros 5%. Basta uma alteração num único gene para que o excesso de peso ocorra desde os primeiros meses de vida, geração após geração. Na parcela restante, 85%, a obesidade é explicada por uma combinação de fatores: vários genes aumentam a predisposição ao ganho de peso, mas isso só ocorre se o ambiente favorecer. É aqui que entram as estranhas emoções, como na ficção de Jami Attenberg, e os hábitos aprendidos em família.

Fonte: Revista Época, edição 780, 03/05/2013

Obs: reportagem completa na edição impressa.